OUÇA AO VIVO A 96FM
(82) 98876-8488 Whatsapp Diário Arapiraca
Dólar hoje R$ 5,204 Arapiraca, AL 22ºC Tempo nublado
Editorias
07/02/2020 08:37
Política

Senado aprova reabilitação para homens que agridem mulheres, antes de condenação

Para virar lei, proposta só precisa ser sancionada por Bolsonaro
Nova medida protetiva depende da sanção do presidente Bolsonaro / Foto: Ilustração André Mello / O GLOBO

 O Plenário do Senado aprovou quarta-feira, dia 5, o projeto de lei que estabelece a medida protetiva de encaminhamento de homens agressores de mulheres a centros de educação e reabilitação psicossocial. Com isso, o que antes era aplicado apenas após a condenação, passa a poder ser solicitado pelo juiz em qualquer momento do processo. O PL 2/2016 altera a lei Maria da Penha, de 2006, e segue agora para sanção presidencial.

Pesquisa realizada pelo DataSenado em dezembro de 2019, mostra que 27% das 2.400 mulheres ouvidas declararam já ter sofrido algum tipo de agressão e 195 afirmaram que o episódio ocorreu no último ano. Entre os tipos mais comuns de violência estão a física, com 66%, a psicológica, com 52% e a moral, com 36,5%. Companheiros e ex-companheiros são os principais agressores, com 41% e 37,5% respectivamente.

O projeto proposto pelo Senado não é inédito no Brasil. A iniciativa pioneira foi o Grupo Reflexivo de Homens, criado em 2012, no Rio Grande do Norte. Grupos de 15 homens, de variadas idades e profissões, que respondem a processo judicial por violência contra a mulher participam de 10 encontros, de duas horas cada um. Neles, discutem temas como controle de raiva e agressividade, direitos humanos das mulheres, Lei Maria da Penha, comportamentos de risco, como abusos, paternidade, divisão de tarefas, entre outros. A presença em todos os encontros é obrigatória para garantir benefícios no processo. Ao todo, 800 homens em 25 municípios do estado já participaram. A reincidência foi nula.

Proteger a mulher é o centro da Lei Maria da Penha. Aplicar a recuperação e o acompanhamento do agressor como medida protetiva reforça a ideia de que trabalhar com o homem na modificação dos padrões socioculturais do machismo é também resguardar a integridade física e psíquica da mulher — afirma Erica Canuto, promotora coordenadora do projeto do Rio Grande do Norte.

— Esta é a grande chance que temos de trabalhar e modificar essa violência. Não adianta somente encarcerar e punir. O que realmente modifica o padrão é a educação. Isso é cultural, a violência é aprendida —.

Em São Paulo, o Tempo de Despertar — Ressocialização do Autor de Violência contra a Mulher, virou lei. O projeto, que visa combater a violência contra as mulheres, bem como promover o acompanhamento e reflexão dos autores, foi idealizado pela promotora de Justiça Gabriela Manssur. Desde 2014 ela faz encaminhamentos de casos e atuou pela aprovação da lei municipal. Ao todo, o Ministério Público Estadual de São Paulo atendeu 550 homens, registrando apenas 2% de reincidência.

Diferente do Rio Grande do Norte, na iniciativa paulista os homens são encaminhados através de medidas protetivas. Os encontros acontecem de forma quinzenalmente e têm duração de 2h30 cada.

— Como medida protetiva rompemos o ciclo da violência. Após a condenação é importante, mas antes é o período mais perigoso, quando a violência é intensificada porque o homem se vê prejudicado pela denúncia. É uma determinação judicial, com riscos analisados para os dois lados e com penalidade pelo descumprimento. O número de permanência seria muito baixo caso a presença fosse opcional — ressalta a promotora.

Os homens são acompanhados por equipes formadas por profissionais das mais diversas áreas, como psicólogos, assistentes sociais e advogados. Nos encontros, eles discutem o papel do homem, os direitos da mulher, a lei Maria da Penha, além de trocarem experiências.

No município de São Paulo, segundo a prefeitura, mais de 100 homens foram encaminhados, observando uma eficácia de 100%, já que nenhum se tornou reincidente.

Fonte: O Globo


winz.io
winz.io
Link da página:

Utilize o formulário abaixo para enviar ao amigo.

Política
KTO
KTO