04/05/2020 13:12:23
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A DOENÇA DO MEDO
IstockNas últimas semanas, a sociedade passou a viver um mundo completamente novo e, principalmente, foi tomada pela angústia

Pessoas totalmente isoladas em suas casas, muitas delas idosas, alterando completamente suas rotinas para evitar a contaminação pelo novo coronavírus. Nas últimas semanas, a sociedade passou a viver um mundo completamente novo e, principalmente, foi tomada pela angústia. Medo de sair de casa, de ficar doente, de vir a morrer, de perder o emprego e de não conseguir pagar as contas em dia. Medo até de não conseguir comprar o que comer. Acima de tudo, veio a solidão. Para preservar a saúde, muitos estão impedidos de se relacionar com os filhos, netos e amigos. Ir à academia se exercitar, sair para trabalhar em serviços essenciais, fazer compras ou até mesmo deixar o lixo na rua, tornou-se um grande risco. Por tudo isso, cresce a preocupação com a saúde mental.

A ameaça de contrair o novo coronavírus mudou totalmente a dinâmica das pessoas. Nessa guerra contra a Covid-19, um fator não pode ser desconsiderado e está levando muita gente a procurar psiquiatras e psicólogos por meio de consultas por aplicativos: o aumento do estresse. Silencioso, porém altamente prejudicial à saúde humana, o estresse e a ansiedade podem desencadear doenças como depressão, síndrome do pânico e até risco de suicídio. “Algumas pessoas estão apavoradas e certamente o número de depressivos vai aumentar muito, sobretudo as pessoas com TOC e hiperpreocupadas com o que acontecerá em relação ao contágio e à vida financeira”, diz o psiquiatra Breno Serson. É fato que experiências catastróficas sempre deixam marcas. A China, o epicentro do novo coronavírus, está vivenciando essa experiência. Até 20% de seus habitantes estão com sintomas de transtorno de estresse pós-traumático (TSPT), de acordo com um estudo recente da Universidade Médica Naval de Shanghai.

O mesmo ocorreu em Hong Kong, que sofreu em 2003 a epidemia da síndrome respiratória aguda (SARS). Lá, foi possível constatar que os danos psicológicos foram duradouros: 40% dos que contraíram o vírus, apresentaram o TSPT dez anos depois. É esperado que no Brasil o novo coronavírus também deixe sequelas. Para se ter ideia, 5,8% da população do País sofre com depressão e 32 brasileiros se suicidam todos os dias. Outro tipo de doença que poderá ter consequências em massa é o das pessoas que sofrem síndrome do pânico, ou seja, um número estimado entre 4 e 6 milhões de brasileiros.“Quanto maior for a quarentena, maior podem ser os estragos na mente das pessoas. Claro que os que têm predisposições são os mais afetados nesse momento”, diz Dora Sampaio Góes, psicóloga do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo (IPq/HCFMUSP). Em seus atendimentos remotos, ela constatou um grande aumento nos casos de irritabilidade e ansiedade entre seus pacientes.

Fonte: ISTO É

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