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08/12/2020 09:34
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Sem leito no RJ, idosa de 90 anos deixa UPA com febre e falta de ar

A aposentada Lia Pereira, de 90 anos, está há quase uma semana à espera de um leito para internação
UPA de Campo Grande: não há mais leitos na unidade / Foto: Brenno Carvalho / Extra

 A aposentada Lia Pereira, de 90 anos, está há quase uma semana à espera de um leito para internação. No fim de novembro, a idosa começou a apresentar sintomas de Covid-19. Com febre alta, dor no corpo e falta de ar, ela foi levada nessa segunda-feira pela filha, a recepcionista Léa Paiva, de 60 anos, até a UPA de Campo Grande, Zona Oeste do Rio, para buscar atendimento. Mas a tentativa foi em vão. Sem leitos na unidade, as duas voltaram para casa.

— Disseram que aqui não tinha leito, não vou ficar numa cadeira com a minha mãe aos 90 anos de idade. Já fui ao Hospital Rocha Faria e recebi a mesma resposta. Estamos entregues à sorte e à vontade de Deus. Eles querem que eu volte quando minha mãe estiver morrendo?

Em pouco mais de uma hora que a equipe do EXTRA esteve na porta da UPA, seis pacientes chegaram com suspeita de Covid-19 e aguardaram pelo atendimento.

— Está bem cheio lá dentro, não tem mais vagas. Hoje estamos com uma média de 400 atendimentos por dia, sendo a grande maioria de casos suspeitos de Covid-19 e com síndrome respiratória. Agora, este é o momento de toda a população se conscientizar e seguir as recomendações das autoridades. Com os hospitais cheios, os cuidados pessoais são cada vez mais importantes. Fiquem em casa — disse uma funcionária, sem se identificar.

O crescente número de casos de Covid-19 no Rio de Janeiro tem levado também ao aumento de pessoas com suspeita ou confirmação da doença que aguardam um leito no estado. Desde 19 de novembro, essa fila cresceu 254%. Ontem, 472 pacientes estavam à espera de uma vaga de enfermaria (220) ou de UTI (252), segundo números da Secretaria estadual de Saúde. Há três semanas, eram 133. Nas UPAs, segundo profissionais da área, a busca por atendimento a pacientes com sintomas da doença é cada vez maior.

— Eu trouxe o meu pai, que acordou com muita falta de ar, cansaço e dor no corpo. Foi atendido, colocado em isolamento e aguarda para fazer exames. Há vários outros casos suspeitos lá dentro. Tem gente esperando há dois ou três dias e não conseguiu vaga ainda — diz a dona de casa Verônica Assis, de 42 anos, que buscou a UPA de Realengo.

O diretor de comunicação do Sindicato de Médicos do Rio (SinMed-Rio), Carlos Vasconcelos, afirma que a superlotação das UPAs é o primeiro sinal de aumento de infectados pelo novo coronavírus.

— As UPAs são a porta de entrada, nelas se concentram os atendimentos primários. E com uma taxa de ocupação de leitos mais alta, como a que estamos vivendo hoje, acaba retendo a fila, porque são vagas (as de coronavírus) sem muita rotatividade — explica Vasconcelos.

De acordo com a Secretaria estadual de Saúde, a taxa de ocupação hoje está em 63% em leitos de enfermaria e 82% em camas de UTI. Dos que aguardam na fila, 252 necessitam de terapia intensiva. Já no município, em toda a rede SUS (que inclui leitos de unidades municipais, estaduais e federais), a taxa de ocupação para Covid-19 é de 92% (584 pacientes) em UTI e 88% em enfermaria. São 1.388 internados ao todo.

Mas se considerados apenas os leitos para Covid-19 de unidades municipais, a situação é mais crítica: ontem, a rede municipal 100% de lotação nas vagas para UTI, com 288 doentes.

Os números ainda estão distantes do cenário vivido no ápice da pandemia, quando, em 9 de maio, 1.283 pacientes aguardavam leito, sendo 510 para UTI. Mas o diretor do SinMed-rio mostra-se preocupado.

— Essa situação tende a piorar depois das festas de fim de ano, quando há tendência a festas e aglomerações. Não sabemos onde vamos parar. Além disso, sem os hospitais de campanha, o número de leitos é mais limitado. Em abril e maio, nós tínhamos muitos casos concentrados na capital. Hoje, é no Rio todo. O interior vê a curva crescer cada dia mais. A transferência de pacientes para a região não é mais tão viável, porque lá a situação é tão preocupante quanto.

Abertura de 386 leitos

Na última sexta-feira, o governador em exercício, Cláudio Castro, e o prefeito Marcelo Crivella anunciaram medidas para tentar conter o avanço da Covid-19. Ambos destacaram a abertura de novos leitos exclusivos e fiscalização mais rigorosa como soluções capazes de frear a curva de contágio no Rio.

No evento, a Secretaria estadual de Saúde anunciou a abertura de 386 leitos, sendo 314 de UTI. Já Marcelo Crivella disse que no município serão abertos 170 leitos de enfermaria nos próximos 15 dias e outros 50 de UTI, sendo 20 por semana.

— Dentro do atual cenário, a promessa de abertura de novos leitos é o aspecto que podemos considerar como o mais positivo — avalia Vasconcelos, do Sinmed-Rio.

A Secretaria municipal de Saúde destaca que “as pessoas que aguardam leitos de UTI estão sendo assistidas em leitos de unidades, com monitores e respiradores”.

Fonte: Extra


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