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27/04/2024 07:35
Polícia

Ligado ao PCC, vereador preso por esquema de fraudes a licitações chora

Eleito em Cubatão (SP), Ricardo Queixão (PSD) disse que política foi ‘porcaria em sua vida’
Vereador Ricardo Queixão (PSD), de Cubatão, ao lado de advogados durante depoimento ao MP-SP / Foto: Reprodução/MPSP
Redação com O Globo

O vereador de Cubatão (SP) e ex-presidente da Câmara Municipal da cidade Ricardo Queixão (PSD) admitiu nesta semana, em depoimento ao Ministério Público de São Paulo (MP-SP), que recebia pagamentos mensais de R$ 5 mil de um empresário que possuía contratos com o Poder Legislativo municipal. Queixão foi um dos presos no dia 16 deste mês na Operação Munditia, que mirou esquema de fraudes a licitações que favoreciam empresas ligadas ao PCC.

 

Em audiência realizada na terça-feira, à qual o GLOBO teve acesso, o vereador disse que recebia “ajuda” mensal do empresário Vagner Borges Dias, apontado como principal nome do esquema criminoso e que está foragido. Segundo Queixão, os valores eram pagos a ele por meio de transferências via Pix em troca de seu “trabalho político” e apoio a um candidato a deputado federal que seria indicado pelo empresário.

— O Vagner, eu encontrei ele (sic), se não me engano, em 2020, atrás da Câmara. Ele me abordou e veio falar para mim que queria fazer um trabalho político em Cubatão. Peguei o contato e tudo e depois que passou, doutor, aí ele veio firmar comigo porque… é assim, a gente quando ganha eleição, doutor, a gente firma muito compromisso. E depois a gente não consegue cumprir. As pessoas ficam desempregadas e eu tive que ajudar essas pessoas. Aí o compromisso dele foi, para quando, lá na frente, ele precisar apoiar um deputado, eu apoiar ele. Pela força política que eu tinha em Cubatão, né. Aí todo mês ele me dava essa verba para mim poder (sic) ajudar as pessoas, para poder fazer o trabalho político em Cubatão, para apoiar um deputado — disse. 

O vereador confirmou que informava as chaves Pix de outras pessoas para receber os pagamentos, no caso sua mulher, a cunhada, um sobrinho e dois funcionários da Câmara. Queixão explicou que assim seria mais fácil “ajudar” mais pessoas que o apoiavam:

 

— Eles já retiravam para mim e entregavam para a pessoa poder fazer o trabalho político para mim. Muitas pessoas me apoiaram e eu não consegui empregar todo mundo. Infelizmente, a gente está ali como vereador, você quer ajudar as pessoas, quer alcançar um leque maior. Foi uma maneira que eu tentei, né, que eu comecei. E a gente conseguiu fazer isso, doutor, infelizmente.

Em conversas acessadas pelos investigadores por meio da quebra do sigilo telemático, mensagens enviadas de um número que Queixão confirmou ter sido dele mostram cobranças do vereador a Vagner. “Bom dia, meu brother. Esquece de mim não”, enviou o legislador em novembro de 2020. Dias antes da virada daquele ano, Queixão voltou a enviar uma mensagem: “Vê se consegue agilizar pra mim. Eu tenho que comprar o terno pra posse e agilizar outras coisas para minha presidência”. A resposta veio por áudio:

 

— Só vai dar pra fazer ano que vem (...) fiquei apertado, entendeu? Mas eu vou te ajudar, já que é pra empossar o homem. Já vamos começar a ir na Câmara juntos.

Queixão relatou ao MP-SP que continuou a receber a “ajuda” do empresário mesmo após ter deixado a presidência da Câmara, o que provaria que os pagamentos não tinham “nada de envolvimento com questão de licitação”. O vereador disse que nunca tinha “se envolvido com esses negócios” e chorou ao fim de seu depoimento, anunciando que pretendia renunciar ao cargo na Câmara:

— Só eu sei o que eu to passando aqui dentro. Eu nunca passei por isso, doutor. Eu tenho filha… tenho minhas duas meninas (ininteligível)... doutor, pelo amor de Deus. Um negócio desse… a gente querendo ajudar as pessoas. Doutor, até falei para eles aqui, doutor. Não quero mais saber de política não. Foi uma porcaria na minha vida. Saindo daqui eu vou renunciar ao meu cargo, doutor. Não quero mais saber disso porque eu nunca passei por essa situação, não. Nunca. Poxa, eu tenho família, fico pensando na minha mãe e minhas filhas, doutor. (...) Infelizmente, eu peço desculpas, doutor.

Queixão foi denunciado na quinta-feira pelo MP-SP junto a outras seis pessoas por integrarem organização criminosa — em outras duas denúncias, mais dez investigados foram acusados de envolvimento com o esquema, que teria movimentado R$ 200 milhões em contratos públicos. A prisão temporária do vereador expiraria também na quinta-feira, mas foi convertida em preventiva (sem prazo para expirar).

 

 


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