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09/09/2021 16:44
Brasil

Homem confundido com miliciano é solto após 20 dias no Rio

PM admite que testemunhas chegaram a desfazer reconhecimento por foto
Cientista de dados preso injustamente, Raoni Lázaro deixa a cadeia — Foto: / Foto: Reprodução/TV Globo

 O cientista de dados Raoni Lázaro Barbosa, preso por engano há mais de 20 dias, deixou a a Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, nesta quinta-feira (9).

Ele teve a prisão relaxada pela Justiça, depois de ter sido confundido pela polícia com um miliciano de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.

Ao sair, ele conversou com jornalistas e disse que vai processar o estado pelo período em que esteve atrás das grades.

"Reparação também para que outros não passem o que eu passei", afirmou. "Foi difícil, mas graças a ajuda de todas pessoas que estão aqui e em casa, nunca tiveram dúvida sobre minha inocência. Agora é bola pra frente e esquecer isso aqui que, infelizmente, é uma cicatriz que está na minha história de vida", concluiu.

Raoni é um jovem cientista de dados, formado pela PUC-Rio, com especialização no MIT, o Instituto de Tecnologia de Massachusetts, nos Estados Unidos. Ele é casado há quatro anos e tinha começado o emprego dos sonhos em uma multinacional há um ano.

Cronologia da prisão

Raoni foi preso em uma operação da Polícia Civil, conduzida pela delegada assistente Thaianne Barbosa, da Draco, no dia 17 de agosto.

Ele foi acusado de fazer parte de uma milícia em Duque de Caxias – o que, segundo a defesa do homem, foi um erro da polícia.

No inquérito, a polícia acusa Raoni de ser responsável pela cobrança de taxas de moradores e de comerciantes de Caxias em um grupo de milicianos que incluía policiais militares.

Na porta do presídio, o cientista de dados diz que a polícia não quis escutar sua versão.

"Na delegacia, tentei o tempo todo explicar, falar que era um erro, mas em nenhum momento fui escutado", disse.

Raoni e a esposa moram em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio, e nunca viveram em Duque de Caxias. O reconhecimento de Raoni foi feito por foto, uma prática que não é prevista em lei brasileira.

A imagem usada na investigação foi a de um homem identificado como Raony, com "y", também conhecido como Gago, e apontado como integrante da milícia de Duque de Caxias.

A defesa e a família apontam que a única semelhança entre os dois é a cor da pele.

De acordo com dados do Colégio Nacional de Defensores Públicos-Gerais, 90 pessoas foram presas injustamente baseadas no reconhecimento por foto de 2012 a 2020.

Só no Rio, foram 73 – e 81% das pessoas apontadas como suspeitas nesses inquéritos são negras.

Agora, a família teme pelo futuro de Raoni.

"A gente não sabe como é que vai ser daqui pra frente. Não sabe como é que vai ser com relação ao emprego dele, se ele vai perder emprego, se ele vai deixar de poder viajar", afirmou Érica.

O que afirma a polícia

A Delegacia de Repressão às Ações Criminosas, a Draco, informou que as testemunhas desfizeram o reconhecimento e que a delegada responsável pelo caso já pediu à Justiça a revogação da prisão de Raoni Lázaro Barbosa.

A Secretaria de Polícia Civil afirmou que instaurou uma sindicância interna para apurar o caso, porque a orientação da atual gestão da pasta é para que o reconhecimento fotográfico seja um dos elementos do inquérito policial, e não o único fator determinante para pedir a prisão de suspeitos.

Fonte: G1


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