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04/10/2022 09:53
Eleições

Institutos falam sobre divergências entre pesquisas e resultado nas urnas

Pesquisas do Ipec e do Datafolha divulgadas na véspera da eleição apresentaram divergências com os resultados das urnas. O Jornal Nacional foi ouvir os institutos para que esclarecessem o que aconteceu.
/ Foto: Reprodução
Redação com G1

 Pesquisas eleitorais do Ipec e do Datafolha divulgadas na véspera da eleição apresentaram divergências com os resultados das urnas. O Jornal Nacional foi ouvir os institutos para que esclarecessem o que aconteceu.

A diferença entre o resultado das urnas e projeções dos institutos de pesquisa ficavam evidentes à medida que a apuração avançava. A corrida presidencial é um exemplo disso. Na última pesquisa Datafolha, divulgada no sábado (1º), Jair Bolsonaro, do PL, aparecia com 36% dos votos válidos. Pela margem de erro, poderia ter de 34% a 38%.

Já a pesquisa Ipec mostrava Bolsonaro com 37%. Pela margem de erro, ele teria de 35% a 39%. Nas urnas, Bolsonaro teve 43,2% dos votos, de quatro a cinco pontos acima da margem de erro máxima nas duas pesquisas.

Já Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, aparecia com 50% dos votos válidos no Datafolha divulgado na véspera da eleição. Pela margem de erro, tinha de 48% a 52%.

A pesquisa Ipec indicava Lula com 51% dos votos. Na margem de erro, teria entre 49% e 53%. Nas urnas, Lula conquistou 48,43% dos votos, dentro da margem do Datafolha, e um pouco fora da margem do Ipec.

No Datafolha da véspera da votação, Simone Tebet, do MDB, aparecia com 6% dos votos válidos. Na margem de erro, de 4% a 8%. E Ciro Gomes, do PDT, logo atrás, com 5%. Na margem, de 3% a 7%.

Já no Ipec, Tebet e Ciro Gomes apareceram com os mesmos 5% de votos válidos. Na margem de erro, de 3% a 7%.

Nas urnas, Tebet terminou com 4,16% dos votos, dentro da margem de erro indicada pelos dois institutos de pesquisa. Ciro Gomes teve pouco mais de 3% dos votos, também dentro da margem de erro dos dois institutos.

Os dois principais institutos de pesquisa do país têm uma explicação parecida para o que aconteceu. A própria divulgação das pesquisas indicando a possibilidade de vitória de Lula no primeiro turno pode ter feito com que os eleitores de Ciro Gomes e Simone Tebet , que votariam em Jair Bolsonaro em segundo turno, antecipassem suas escolhas para o primeiro. Ou seja, a informação fornecida pelas pesquisas ajudou os eleitores a fazerem suas escolhas na última hora.

Márcia Cavallari, diretora do ipec, explica como isso teria acontecido.

“A última pesquisa divulgada na véspera da eleição mostrava que o presidente Lula poderia ganhar a eleição no primeiro turno, e de fato ele ficou a 1,6% dos votos de ganhar no primeiro turno. O presidente Jair Bolsonaro, por sua vez, teve seis pontos a mais do que a pesquisa apontava, e analisando os resultados nós vemos que houve uma migração dos 3% de indecisos que ainda tínhamos na pesquisa na véspera da eleição e o índice do Ciro e da Simone que ficaram menores. Então, talvez com essa informação os eleitores tomaram uma ação estratégica de antecipar um possível voto no segundo turno neste primeiro para impedir que a eleição acabasse no primeiro turno”, diz.

A diretora do Datafolha, Luciana Chong, tem uma avaliação parecida.

“O que a gente viu na pesquisa de véspera foi um índice ainda de 13% de eleitores que declaravam que ainda poderia mudar o seu voto. E entre os eleitores de Ciro esse índice era de 41%, e entre os de Simone Tebet chegava a 37%. Então a pesquisa de véspera foi finalizada no sábado, por volta da hora do almoço, e dali até o domingo, o dia da eleição, a gente viu um movimento de eleitores que votavam no Ciro, Tebet, branco e nulo indo para o presidente Jair Bolsonaro. Então o voto útil que não aconteceu a favor de Lula, aconteceu a favor de Bolsonaro nessa reta final”, afirma.

Nos estados, as pesquisas também não conseguiram captar com precisão a disputa em primeiro turno. O Datafolha fez levantamentos em três estados. Acertou a ordem dos candidatos em dois, mas no Rio não apontou a definição em primeiro turno, e houve uma inversão entre o primeiro e o segundo colocados em São Paulo.

Já o Ipec pesquisou no Brasil todo. Em 21 unidades da federação, o instituto indicou quais seriam os primeiros colocados no primeiro turno, mas houve divergências em relação às margens de erro. Em quatro casos, houve inversão entre o primeiro e o segundo lugares.

No Piauí, a eleição foi definida em primeiro turno, e o vencedor foi diferente daquele que o Ipec tinha apontado na liderança. Em Mato Grosso do Sul, o candidato em terceiro lugar assumiu o primeiro lugar e está no segundo turno.

Em São Paulo, as simulações do Ipec para votos válidos e do Datafolha mostravam Fernando Haddad, do PT, na liderança. Tarcísio de Freitas, do Republicanos, vinha em segundo, com o mesmo percentual nos dois institutos.

Depois da votação, os dois acabaram indo para o segundo turno, como as pesquisas indicaram, mas o cenário se inverteu: Tarcísio ficou em primeiro, com 42,32% dos votos, e Haddad, em segundo, com 35,7%.

A diretora do Datafolha diz que houve transferência de votos do atual governador, Rodrigo Garcia, do PSDB, que já estava em terceiro lugar, para Tarcísio, que terminou em primeiro.

“Tínhamos dois candidatos antipetistas, Tarcísio de Freitas e Rodrigo Garcia, e quando chegou na véspera da eleição, 38% dos eleitores ainda não sabiam dizer espontaneamente em quem pretendiam votar para governador. Teve uma movimentação desses eleitores indo para Tarcísio, tanto que no resultado da véspera Rodrigo Garcia tinha 23% dos votos válidos e ele teve 18% no final”, afirma Luciana Chong.

O resultado no Rio Grande do Sul também mostrou divergências em relação à pesquisa do Ipec. Nas urnas, Onyx Lorenzoni, do PL, ficou em primeiro, com 37,5% dos votos. Ele vai concorrer no segundo turno com Eduardo Leite, do PSDB, que teve 26,81%, depois de uma disputa voto a voto com Edegar Pretto, do PT, o terceiro colocado.

Mas na pesquisa Ipec, divulgada na véspera da eleição, Eduardo Leite tinha 40% das intenções de voto, enquanto Onyx aparecia com 30%, e Edegar Pretto, com 20%. Mais uma vez, uma ordem invertida.

Já no Rio de Janeiro, o Datafolha e o Ipec não captaram a vitória no primeiro turno do governador Cláudio Castro, do PL. Nas duas pesquisas, no sábado (1º), Castro aparecia na liderança, mas com menos de 50% dos votos válidos: 47%, segundo o Ipec, e 44%, de acordo com o Datafolha.

Na Bahia, a pesquisa do Ipec colocava ACM Neto, do União Brasil, com 51% das intenções de voto, com chance de vencer no primeiro turno. Jerônimo Rodrigues, do PT, aparecia com 40%. Os dois vão para o segundo turno, mas em posições diferentes: Jerônimo teve 49,45% dos votos, e ACM Neto, 40,8%.

A diretora do Ipec diz que as pesquisas já indicavam essas tendências, mas que houve movimentos muito acentuados de última hora.

“Na Bahia, a gente já estava mostrando a tendência de crescimento do candidato Jerônimo e queda do candidato ACM Neto. Essa tendência continuou até uma hora da votação lá , porque esse movimento não para na hora que a gente para de fazer a pesquisa. No Rio de Janeiro a mesma coisa. Tínhamos um contingente alto. A pesquisa já mostrava que poderia ter um segundo turno ou não, mas que pela quantidade de pessoas indecisas, o cenário poderia ser outro. Agora no Rio Grande do Sul, como você mencionou , acho que teve ali uma movimentação muito rápida de última hora puxado principalmente pela força do presidente Bolsonaro, que puxou vários candidatos do partido ou da coligação dele tanto para os governos quanto para o Senado”, aponta.

Os institutos afirmam que o objetivo das pesquisas é captar a intenção de voto na data em que são feitas, mas que não têm como prever mudanças no comportamento do eleitor na urna.

“Por isso que eu considero que as pesquisas são muito importantes deve ser avaliado com cuidado quando falam 'pesquisa acertou, a pesquisa errou'. O objetivo da pesquisa não é acertar ou errar, e sim mostrar para a população, mostrar para a sociedade como está a corrida eleitoral no Brasil ou em determinado estado", diz Luciana Chong.

A pesquisa é importante no processo eleitoral porque ela traz informação para o eleitor. O eleitor pode votar bem informado com relação à situação e tomar uma decisão em cima dessa informação que ele tem, seja com voto estratégico ou não. A gente sempre diz que a pesquisa é um diagnóstico daquele momento, a gente está medindo uma intenção de voto, a gente não está medindo o comportamento eleitoral . E o eleitor pode ali, na sua decisão de voto final tomar uma decisão mais assertiva final com base nas suas informações”, afirma Márcia Cavallari.

 


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