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28/03/2024 14:53
Brasil

Quem era músico que morreu após ficar mais de 10 anos em coma em Vitória

Alexandre Lima foi o inventor do Movimento Rockcongo, uma fusão do rock com o congo
Músico Alexandre Lima, do grupo Manimal, morreu aos 54 anos em Vitória, Espírito Santo / Foto: Divulgação
Redação com G1

O músico Alexandre Lima morreu nesta quinta-feira (28), aos 54 anos, após ficar mais de 10 anos em coma, em Vitória. Em 2013, ele sofreu um aneurisma da aorta, que o deixou acamado. O artista era uma das vozes do grupo Manimal, foi o criador do Movimento Rockcongo e construiu sua carreira na área de cultura do Espírito Santo.

 

Alexandre era conhecido e reconhecido pela dedicação às artes por meio da música. Ao lado do irmão Amaro, Alex, como era popularmente conhecido, foi um dos criadores da banda Manimal, que fez sucesso por todo o Brasil, e tendo realizado apresentações até no exterior.

 

Além de músico, ele era compositor e produtor musical. Alexandre foi o inventor da fusão do rock com o congo (Rockcongo), um ritmo tipicamente capixaba e muito presente nas canções do grupo que ele ajudou a criar.

Manimal foi formada em 1986, reunindo também outros gêneros musicais, como ticumbi, música eletrônica, samba e reggae. Além disso, Alexandre integrou a banda Radio Esperienza. 

Alexandre também atuou como músico em outros projetos, como nos Combatentes da Cidade e Gângsters, e também chegou a fazer carreira solo. Era instrumentista e agitador cultural dentro da MPB produzida no Espírito Santo.

Com o Manimal, emplacou diversos sucessos radiofônicos, como “Água de Benzer” (com Amaro Lima), “Na Puxada de Rede” (Amaro Lima/Anderson Ventura) e “Marina” (com Renato Casanova e Jura Fernandes).

 

Em 2013, antes de sofrer o aneurisma, exerceu a função de secretário municipal de Cultura em Vitória.Nas redes sociais, o músico Amaro Lima, irmão de Alex e com quem dividiu os palcos por anos, publicou uma foto dos dois juntos e escreveu suas últimas homenagens. "Meu irmão, Deus te chamou, mas o barco do amor que você fez continua a navegar. Um dia, a gente se encontra novamente para trocar aquela de sempre", disse.

 

"Esta é, sem dúvida, uma enorme perda para o cenário musical e artístico capixaba. Estamos consternados, de luto e solidários principalmente à sua família. Alexandre deixa um grande exemplo de vida e importantes contribuições não só para a Cultura do Espírito Santo, mas também para a Cultura do Brasil", declarou o secretário municipal de Cultura, Edu Henning.

Músico ficou em coma após aneurisma

Alexandre Lima passou mal em 29 de novembro de 2013, durante uma reunião para definir a programação de fim de ano na capital. O então secretário de Cultura de Vitória recebeu os primeiros socorros do próprio prefeito da época, Luciano Rezende, que é médico.

Ele sofreu um aneurisma da aorta e foi internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) após passar por uma cirurgia. O músico entrou em coma após sofrer uma parada cardiorrespiratória durante uma cirurgia para a retirada de um aneurisma na aorta.

 

A família acusou o hospital e um médico plantonista que prestaram atendimento ao artista, em dezembro de 2013, de erro médico.

O ex-secretário chegou ao "estado vegetativo persistente" porque ficou sem receber oxigênio por tempo indeterminado, enquanto estava na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), segundo a família.

Alexandre não mexia os braços e as pernas e se alimentava através de sonda. A cada mês, cerca de 20 latas da alimentação especial eram usadas. Ele ficou 119 dias internado em 2013 e voltou ao hospital, por um mês, em dezembro de 2015, para tratar uma pneumonia. Até hoje, o músico precisava de cuidados especiais dentro de casa.

Ajuda para pagar tratamento

O cuidado com Alexandre, que integrou as bandas Manimal e Radio Esperienza, além de ter sido secretário de Cultura de Vitória, custava caro. O tratamento chegou a custar mais de R$ 20 mil por mês. Por esse motivo, todos os anos a família fazia ações para ajudar nas despesas com os cuidados dele.

"O maior presente é a vida". A frase, contida em um bilhete, foi a última escrita pelo músico Alexandre Lima para a mãe antes de entrar em coma, em 2013. Sete anos depois, a mãe do músico, Vera Lima, usou o texto para estampar a decoração de latas natalinas que passou a produzir para ajudar a pagar as despesas com o tratamento dele.

 

"A gente escaneou o bilhete deixou para mim, o último bilhetinho, que dizia: 'O melhor presente é a vida. Te amo, mãe'. Foi uma mensagem oportuna para o momento que estamos vivendo. Porque realmente, a gente precisa proteger a gente e o próximo", pontuou, na época, dona Vera Lima.

Essas latas, na verdade, eram as que tinham a alimentação especial que o músico recebia, por sonda.

Várias campanhas foram feitas em prol do músico capixaba ao longo dos anos.

 

"A família se esforça bastante. A gente já se desfez de imóveis, de obras de arte, de instrumentos do Alexandre, de várias coisas que foram possíveis, pois não é um tratamento barato. Essa corrente é que faz a gente estar por sete anos cuidando do Alexandre com o mesmo afinco, com o mesmo amor", disse em 2020 o também músico e irmão de Alexandre, Amaro Lima.

Entenda o caso de saúde

Segundo cirurgiões, Lima foi acometido por uma "catástrofe vascular", a chamada Dissecção de Aorta, do tipo A, uma situação extremamente grave que causa uma espécie de "rasgão" na maior artéria do corpo. A hipertensão arterial não controlada está relacionada a 75% dos casos de dissecção na aorta.

 

Em termos práticos, a camada interna da maior artéria do coração do músico se rompeu e o sangue foi desviado do trajeto normal. Com a realização do procedimento, foram implantados dois tubos com válvulas feitos de material sintético, que vão redirecionar o fluxo sanguíneo para o "caminho" correto.

O médico cardiologista Eduardo Castro explicou para o g1 como ocorre um caso de coma com estado vegetativo.

"O fato de estar em coma e em estado vegetativo significa que ele não consegue responder a nenhum estímulo de maneira consciente. Porque parte do cérebro foi atingido (como quando ficou sem oxigenação na cirurgia). E essa parte é uma área que faz conexão que permite associar ideias. É irreversível, como no caso dele. Por exemplo, ele pode abrir o olho, mas não vai responder piscando se alguém fizer pergunta. Ele não identifica a sensação de dor. Então, pode se falar em estado vegetativo por isso", disse.

Ou seja: uma pessoa pode estar em coma (com ou sem estado vegetativo). Em coma sem estado vegetativo, provavelmente parte do cérebro que responde a sensações, associa ideias e identifica estímulos não foi danificado. Nesse caso, é uma situação reversível. Em caso de coma com estado vegetativo, esse campo do cérebro foi atingido e não tem mais volta.

 

 

 

 


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