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27/01/2023 06:45
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Janu leva “Miolo do Oxente” para shows inéditos em São Paulo e Rio de Janeiro

Natural de Arapiraca, cidade-árvore da região Agreste do estado, Januário Leite Neto carrega no nome os elementos que compõem sua nordestinidade
/ Foto: Amanda Bambu e Fernanda Simões
Assessoria

“Seria o esquecimento mais temido que a morte? Caiu no poço”. Com essa máxima derradeira do poeta popular Mago Véio, bem no miolo do “Miolo do Oxente” — final da terceira faixa do novo álbum de Janu, lançado em setembro de 2022 —, é que se inicia um novo momento de vislumbre e não ostracismo na vida do deste cantor e compositor alagoano.

Natural de Arapiraca, cidade-árvore da região Agreste do estado, Januário Leite Neto carrega no nome os elementos que compõem sua nordestinidade.

É isso o que ele leva na mala de viagem para o começo da tour de seu novo CD, com pontapé em São Paulo (26/01) e Rio de Janeiro (04/02). Depois, ele aporta em Alagoas para novas apresentações musicais e participações especiais pelos próximos meses.

Com a “Banda Lindeza” fazendo a base, ele está levando os músicos arapiraquenses Itallo França (Itallo) no baixo; Rodrigo Cruz (Quiçaça); e Paulo Franco (Gato Negro) nas guitarras e backing vocals — este último é também produtor de “Miolo do Oxente” em parceria com Janu, inclusive, dividindo instrumentos e ideias sinérgicas de arranjo em todo o álbum.

O primeiro compromisso foi nesta quinta-feira (26) na “Noite SIM SP Holofote”, ao lado de artistas como Conferência Inferno, Betina, Barbarelli, Natália Lebeis e Pérola Mathias. O evento ocorrerá no Bar Alto, na capital paulista, a partir das 18h, com set de DJs nos intervalos da programação.

Para a apresentação, Janu levará hits de seus EP Matuto Urbano e dos álbuns “Lindeza” e “Lindeza II”, contando certamente com canções a exemplo de “Perdi La Night” (trilha sonora do filme “Morto Não Fala”, do diretor Denninson Ramalho) e “Teu Sorriso” (trilha do filme “O Retirante”, do cineasta alagoano Tarcisio Ferreira, e no Especial 80 Anos do Rei Pelé), além de "Orlando Golada", featuring que ele faz no play “Time da Mooca” junto com Itallo.

Repertório semelhante será levado até o Rio de Janeiro para o público do bairro da Lapa, onde acontecerá a 13ª edição da Bienal da UNE (União Nacional dos Estudantes), maior festival estudantil da América Latina.

Essa performance de Janu e Banda Lindeza será no dia 4 de fevereiro. O evento em si tem como égide o tema “Um Rio Chamado Brasil - Afluentes da Reconstrução”, com trabalhos produzidos por estudantes de todo o Brasil, nas artes do corpo e visuais, audiovisual, fotografia, literatura e música, além das mostras científica e de jogos digitais.

É nesse espaço de refazimento e de novas memórias que Januário Leite Neto está construindo e consolidando, dia após dia, o seu nome completo na história da música independente alagoana.

Seu som traz a mescla, a cola quente entre o que se reserva nas camadas de um eu totalmente aberto a novos preenchimentos contínuos. Ecletismo puro do Agreste tropical.

Janu é desmiolo de pote, xícara beirando metade. Pronta para servir e ser servida.

CONFIRA PING PONG COM O ARTISTA

1 - Qual sua idade hoje? Quantos anos a mais você ganhou durante a pandemia? O CD saiu, também, a partir desse processo forçado de amadurecimento, correto?

Rapaz, é uma boa pergunta essa. Estou com 34 anos hoje. Ultimamente, tenho conversado muito sobre o período pandêmico que passamos; a experiência da roleta russa da morte meio que pegou todo mundo. Curiosamente, durante os 2 anos, foi onde consegui enfrentar coisas como a ansiedade — que é outra epidemia em nosso país e rende uma conversa toda sobre (risos). O “Miolo do Oxente”, em seu título, estava todo conceituado em ser um disco bem político, sabe? Mas aí vieram esses 2 anos que pareceram 10 e o conceito foi se formando outro.

2 - A capa é do artista visual Germano ‘Munganga’. Acredita que, de algum modo, ela dialoga com a cover art do seu primeiro EP “Matuto Urbano” (2014)? Qual paralelo você faz com aquele trabalho? Lá havia uma cidade a ser desbravada. Agora você está se explorando por dentro. Faz sentido?

Você já criou uma teoria que até eu vou usar (risos). Conheci o Munganga em uma vivência artística chamada “Sesc Confluências”. Desde lá, eu já sabia que trabalharíamos juntos em algo. E aconteceu! Esse paralelo que você falou realmente tem a ver. No “Matuto Urbano”, eu falava das coisas do mundo, no “Miolo…”, das coisas de dentro.

3- O que mudou de lá para cá, além de sua guinada do samba-rock para o pop The Weekndiano/ Daft Punkiano com pitadas de tecnobrega e da guitarrada do Aldo Sena? Do que você esteve se alimentando neste período?

Apesar das influências eletrônicas, confesso que bem mais Daft Punk do que The Weeknd, visto que só ouvi o disco dele, de fato, depois de o meu já estar sendo produzido. Acho que a música brasileira vem sendo espremida desde 1922; desde aquela ideia da Semana de Arte Moderna de pegar as inspirações de fora e misturar com o que é nosso. Assim o foi em vários outros movimentos culturais brasileiros — seja a Tropicália, seja o Manguebeat. Não é uma invenção da roda, mas, sim, mais uma nova laranja sendo espremida.

4 - O que você toca neste álbum? Quais instrumentos? Guitarra e sintetizador ou algo mais? Foram gravados onde? Em sua casa ou na casa-estúdio de Paulo Franco, em Maceió?

O processo deste disco foi parecido com o de vários discos brasileiros (e mundiais) produzidos ou gerados entre 2020 e 2022: à distância. Eu criava o esqueleto da música, produzia um beat, um arranjo de teclado, mandava pra Paulo e ele devolvia com uma guitarra, com outros detalhes e batidas. Mandava uma linha de baixo no synth e ele gravava um baixo real. Enfim, apesar desse trampo em formato virtual, na primeira "metade" do disco, eu senti que ficou bem orgânico, pois o Paulo é um produtor muito bom de se trabalhar. Ele se entrega e faz exatamente aquilo que o disco precisa. Foi gravado na minha casa, no home studio do Paulo e no estúdio Panda Gravador, com o brilhante Joaquim Prado. Paulinho terminou uma parte dele nos Estados Unidos também, enquanto esteve lá. É um disco caminhante (risos).

5 - Recentemente, você lançou uma session do “Lindeza”, que está disponível no Youtube. Você também gravou clipes para "Vey" e "Direção". Três experiências distintas. Como foram para você?

Foi intenso, porque tudo foi produzido/gravado praticamente na mesma época. Tem mais um clipe também para “Caiu no Poço” que sairá já, já. Sem falar que trabalhei com muita gente talentosa e diferente em todos esses trabalhos, com equipes distintas, mas, talvez por eu ter roteirizado as coisas, acabou "dando uma liga".

6 - Quanto tempo você esteve trabalhando neste material do novo álbum, em que junta influências de Beatles a Mané do Rosário? Ele precede a pandemia, correto? Ele nasceu ali no single “Povo Brasileiro” (2020)? O que vem depois do “Miolo”?

Como falei acima, eu imaginava o “Miolo do Oxente” um disco politico desde 2018, por aí. Um exemplo é a própria “Povo Brasileiro”. Mas o disco, por incrível que pareça, não tinha as influências de tecnobrega, bregafunk e guitarrada. Ele não tinha tanta brasilidade. Foi aí quando comecei a traçar os paralelos entre o “pop pop” e o “pop popular”. Como disse à Monkeybuzz, eu acabei fazendo um disco melodicamente político, empoderando mais uma vez o Nordeste, como centro dessa torta. Para depois, eu estou com dois caminhos traçados: um em construção e o outro, um disco de brega.

FICHA TÉCNICA

Produção musical e mixagem: Paulo Franco;
Masterização: Felipe Tichauer; e
Vozes gravadas no Panda Gravador, com Joaquim Prado.

“Miolo do Oxente” (2022) é uma feitura da Lindeza Produções, com o apoio da Lei Aldir Blanc, via Secretaria de Estado da Cultura de Alagoas (Secult), direcionado pela então Secretaria Nacional de Cultura, do Ministério do Turismo (MTur).


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